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Juro futuro elevado impede redução de taxa em financiamento imobiliário

Segundo o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Gilberto Duarte de Abreu Filho, uma redução maior dos juros para a casa própria só deverá ocorrer se o próximo governo conseguir aprovar as reformas.
O ciclo que queda da Selic, a taxa básica de juros do Brasil, poderia ser acompanhada de uma redução igualmente significativa nos juros do financiamento imobiliário a longo prazo, mas isso não aconteceu. A curva de juros futura para contratos com vencimento em 2028 estão com taxas de 10,2% ao ano.
Em evento realizado ontem (22), o presidente da Abecip afirmou que a queda das taxas futuras não deve variar com uma possível definição do cenário eleitoral brasileiro, mas que dependem somente de uma possível aprovação das reformas. “O que define a curva de juros e vai fazer com que ela possa cair futuramente são as reformas do governo. Se a gente imaginar que o próximo governo eleito levará adiante esse tipo de pauta nós veremos a curva de juros longa cedendo, e a de curta ainda mais, e isso vai ser transferido rapidamente para o crédito imobiliário”, explica ao DCI.
No primeiro semestre deste ano, os principais bancos do País anunciaram a diminuição dos juros imobiliários, que ficaram na média em 9% ao ano, como estratégia para a retomada do mercado de imóveis.
Para Abreu Filho, entretanto, novas quedas não deverão ocorrer até o próximo ano. “Até que as reformas sejam aprovadas eu não vejo espaço. Pode haver um movimento pontual aqui ou ali mas estruturalmente, mudar o patamar, eu já não vejo mais acontecendo”, diz.
Segundo o especialista em mercados e produtos financeiros do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), George Sales, essa recente queda não representa segurança nos contratos futuros, uma vez que a Selic pode apresentar nova alta após as eleições de outubro, em um cenário onde as reformas, principalmente de ajuste fiscal, não sejam aprovadas pelo novo governo. Com isso, os pagadores que se utilizarem das taxas em torno de 9% ao ano poderão optar no futuro a continuar pagando as parcelas em vez de quitarem de uma vez a dívida. “Lá na frente os pagadores que aproveitaram essa taxa mais baixa ficarão pagando as parcelas em vez de anteciparem o pagamento e quitação da dívida, o que alonga a carteira de financiamento do banco e acaba sendo um risco para a própria instituição”, comenta.
Recursos do FGTS
Segundo os dados da Abecip, no mês de março o valor total em operações contratadas com recursos de poupança foi de R$ 3,803 bilhões, uma queda de 13% em comparação ao registrado no mesmo período de 2016, de R$ 4,416 bilhões.
Para a sócia diretora da Akamine Negócios Imobiliários, Daniele Akamine, a modalidade, então, pode estar perdendo o fôlego. “Nesse ano, o recurso está menor, só tem margem para o programa Minha Casa Minha Vida. O FGTS não tem mais fôlego para financiamentos”, alertou Akamine.
Mas para Abreu Filho, os saques do fundo de garantia no ano passado já foram equalizados. “O FGTS tem sido o campeão e tem empurrado o mercado nos últimos três ou quatro anos. Por outro lado, ele [fundo de garantia] tem sofrido questionamentos e há uma série de projetos para liberar recursos, o que diminui o tamanho do fundo e portanto a capacidade dele de emprestar”, comentou. (DCI)

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